A Morgan Motor Company é uma das mais icônicas fabricantes de automóveis britânicos, sendo a última sobrevivente das tradicionais marcas inglesas de carros esportivos artesanais. Fundada em 1909 por Henry Frederick Stanley Morgan, mais conhecido como H.F.S. Morgan, a empresa começou sua trajetória produzindo triciclos, os famosos “Three-Wheelers”. Foi apenas em 1936 que a Morgan lançou seu primeiro modelo de quatro rodas, o 4/4 – quatro cilindros/quatro rodas –, iniciando uma história que perdura até os dias de hoje. Após a Segunda Guerra Mundial, a Morgan retomou a produção do 4/4, que já se mostrava datado. Foi então, no Earl’s Court Motor Show de 1950, que a Morgan apresentou seu primeiro modelo do pós-guerra, o Plus Four. Como muitas empresas britânicas, o período pós-guerra foi um momento de reconstrução, com foco em expandir as exportações, aproveitando a demanda global por carros, especialmente no mercado norte-americano.

O Morgan Plus Four marcou uma evolução significativa em relação ao 4/4, trazendo mais potência e refinamento sem abandonar o charme característico dos Morgans. Introduzido em 1950, o Plus Four era equipado com um motor Standard Vanguard de 2.088 cc, montado em um chassi de 4/4 alargado e reforçado, com a distância entre-eixos aumentada. Pela primeira vez na história da Morgan, freios hidráulicos, todos de tambor, foram instalados, melhorando a segurança e o desempenho. Os primeiros Plus Four produzidos, denominados “Flat Rad” (abreviação de “Flat Radiator”), fabricados entre 1950 e 1953, destacam-se por sua grade frontal reta, um design que remete à tendência do pré-guerra, antes da adoção de linhas mais curvas em modelos posteriores, como o “cowled radiator”, a partir de 1954. Disponível nas versões roadster, quatro lugares e drophead coupé, o “Flat Rad” combinava uma estética clássica com um automóvel robusto e extremamente versátil.

Debaixo do capô, o Morgan possuía o motor Standard Vanguard de 2.088 cc, de quatro cilindros em linha, conhecido por sua simplicidade e durabilidade. O motor entregava 68 bhp e um torque robusto de 112 lb/ft, garantindo ao roadster de apenas 862 kg uma performance ágil e surpreendente para sua época. Sua construção prática, com camisas de cilindro úmidas removíveis, tornava a manutenção acessível até para mecânicos amadores, enquanto a transmissão Moss de quatro velocidades com embreagem Borg & Beck assegurava confiabilidade. A suspensão dianteira era independente, com molas helicoidais, e a traseira contava com eixo rígido e molas de lâmina. O chassi redesenhado e os freios hidráulicos completavam um pacote mecânico que fazia do “Flat Rad” um carro leve e divertido, ideal tanto para estradas sinuosas quanto para rallies amadores, levando diversos Morgans às pistas nos anos 50.

Nos seus três anos de produção, foram contruidos 656 unidades do o modelo “Flat Rad”, abrangendo suas diversas carrocerias. Curiosamente, apenas 65 unidades do Plus Four “Flat Rad” foram exportadas para a América Latina, com cinco delas destinadas à Venezuela e ao Uruguai. Esses carros saíam dos depósitos Mann George, em Londres, sendo enviados para a CCM Rio, no porto do Rio de Janeiro, ou para a Planalto Industries, no porto de Recife. Desses, apenas 15 eram da desejada carroceria roadster de dois lugares.

Nosso Morgan Plus Four Roadster passou por uma restauração completa realizada pelo atual proprietário, incluindo funilaria, pintura, suspensão, reconstrução do painel, acabamentos internos e capotaria. A estrutura de madeira foi inteiramente refeita seguindo o padrão original, garantindo sua integridade. O veículo é finalizado em cinza, com interior e capota vermelhos, acompanhado de suas janelas laterais removíveis. Seu motor Standard Vanguard 2.0L foi totalmente refeito e está em excelente funcionamento. Os faróis principais são Lucas, enquanto o farol de milha é um Marshall. O painel, com todas as funcionalidades em dia, conta com instrumentos originais timbrados Morgan. Acompanha suas rodas originais além de seus dois estepes sobressalentes. Este exemplar saiu da fábrica de Malvern Link em 22 de agosto de 1952 e chegou ao Brasil ainda zero quilômetro, desembarcando pelo porto do Rio de Janeiro. Desde então, permanece no país, preservando sua autenticidade e história.