Lançado em 1976 no Salão do Automóvel de São Paulo, o Bianco S surge em um cenário desafiador para a indústria automotiva nacional. Com as importações de veículos fechadas, o mercado brasileiro precisou se adaptar, e foi nesse contexto que Toni Bianco criou um dos esportivos mais marcantes da época. O modelo, com carroceria de fibra de vidro montada sobre a plataforma Volkswagen, combinava um design moderno e soluções práticas. Durante o salão, mais de 180 unidades foram vendidas diretamente no estande, comprovando o sucesso desruptivo Bianco S. No entanto, a produção foi limitada a menos de 500 unidades até 1978, quando a versão subsequente, denominada de Bianco Tarpan, foi introduzida.
Ottorino Bianco, o visionário por trás do modelo, já era uma figura consagrada no meio automobilístico nacional antes de desenvolver o Bianco S, sendo responsável pelo primeiro Fórmula 3 nacional. De origem italiana, Toni imigrou para o Brasil nos anos 50 e rapidamente se destacou na criação de carros de corrida. Ele foi responsável pelo projeto do Fúria, protótipos que correram nos principais circuitos brasileiros, equipados com motores de várias marcas, como Alfa Romeo, Lamborghini e Ferrari. O Bianco S, embora derivado da experiência com o Fúria, teve que se adaptar ao cenário brasileiro da época, adotando a plataforma Volkswagen, mais acessível e viável para a produção local. Essa escolha estratégica possibilitou a fabricação de um esportivo nacional que atendesse tanto aos desejos dos entusiastas quanto às limitações do mercado.
A carroceria do Bianco S, moldada em plástico reforçado com fibra de vidro, destacava-se por um design fruto de uma mente brilhante. Era inspirado nos protótipos europeus que competiam no Campeonato Mundial de Marcas. Suas linhas aerodinâmicas e perfil baixo o tornavam visualmente impressionante. Detalhes como as icônicas lanternas redondas da na traseira, as entradas de ar sobre o capô e o grande para-brisa envolvente eram marcas registradas do modelo. Sob o capô traseiro, o motor Volkswagen boxer de quatro cilindros e 1.584 cm³, equipado com dois carburadores simples, entregava 65 cv. Embora o desempenho de 0 a 100 km/h em 15 segundos e a velocidade máxima de 150 km/h fossem modestos para um esportivo, o Bianco S compensava com sua excelente dirigibilidade, estabilidade e design avançado. O carro também conquistou reconhecimento internacional, sendo exibido no Salão de Nova York de 1978, onde impressionou o público estrangeiro pela inovação e pela sofisticação de design num esportivo vindo do Brasil.
Nosso Bianco S 1977, exemplar de número 130, foi restaurado nos padrões de fábrica pela R&E Restaurações. Finalizado na cor Verde Ouro, é assinado pelo criador Toni Bianco. Os bancos originais e o interior, no padrão de fábrica, estão em excelente estado. Os instrumentos do painel e as lanternas traseiras trazem a assinatura “Bianco S”. O painel está em ótimas condições e acompanha o rádio TKR Cara Preta. O vigia traseiro e os vidros laterais também são originais e marcados “Bianco S”. A mecânica foi completamente refeita em oficina especializada. Pneus novos nas medidas corretas, com rodas Scorro originais. Foi adquirido pelo atual proprietário de Petrópolis, de uma família que o mantinha desde os anos 80, já em condição muito original. O carro está em ótimo funcionamento.