Quando apresentado em 5 de outubro de 1965, o Bentley T1 trouxe diversas inovações, sendo o primeiro Bentley com carroceria monobloco, diferindo significativamente do modelo S anterior. O T1 incorporou também suspensão independente nas quatro rodas com controle automático de altura, freios a disco em todas as rodas e direção hidráulica mais leve. Lançado pela Rolls-Royce junto ao Silver Shadow, com o qual compartilhava a maior parte da engenharia, o Bentley T1 se destacava por sua grade frontal arredondada e mais baixa, conferindo-lhe uma aparência mais agressiva e assertiva. Enquanto 20.605 unidades do Rolls-Royce Silver Shadow I foram produzidas de 1966 a 1977, apenas 1.867 exemplares do Bentley T1 saíram da fábrica. Entre estes, apenas 9 foram encomendados com LWB (Long Wheelbase), dos quais apenas 4 foram configurados com divisória.
Nosso Bentley T1 LWB 1975 foi um pedido especial de fábrica, feito por Margarethe Underberg em nome da Underberg Handels A.G. em 21 de maio de 1974, sendo carinhosamente referenciado em livros e artigos como “The Underberg Bentley”. A família Underberg é uma renomada produtora alemã de licores, conhecida especialmente pelo amargo digestivo Underberg, feito a partir de uma receita secreta de ervas aromáticas selecionadas, criada em 1846. O carro foi entregue em Zurique, na Suíça, por um tradicional concessionário Rolls-Royce, a Schmoll & Co., em 31 de janeiro de 1975. Trazia uma configuração singular. Além do LWB e da divisória, que por si só já o tornariam raríssimo, foi encomendado na cor Scots Pine com linhas douradas, cores tradicionais da família que também marcavam os rótulos de seus licores. No interior, uma combinação de couro marrom na frente contrastava com lã de ovelha bege e carpetes marrom escuro no banco traseiro. Uma época na qual o couro era utilizado para propósitos práticos e o tecido emanava luxo e conforto. Outra característica única é a grade do radiador, pintada na cor Scots Pine, assim como a carroceria. Outro adicional era o intercomunicador entre o motorista e os passageiros. Os modelos Long Wheelbase possuíam ainda dois compressores de ar-condicionado independentes, um para os bancos dianteiros e outro para os traseiros.
Importado recentemente pelo atual proprietário da Alemanha, o Bentley foi restaurado por um dos maiores especialistas em Rolls-Royce/Bentley da América Latina, Rafael de Castilho, em Curitiba. Na restauração, foi usada religiosamente a buildsheet fornecida pela Bentley. Peças de motor foram encomendadas da Inglaterra, e uma revisão mecânica completa foi realizada. A reforma incluiu a troca do couro e tecidos do interior, importados da Itália no padrão original. O teto de vinil foi refeito em Everflex, como especificado. O motor, um V8 de 6,75L, utiliza seus 189hp para impulsionar o Bentley com suavidade e elegância britânica. O carro funciona como novo e está preparado e revisado tanto para desfilar pela cidade quanto para longas e árduas viagens. Todos os componentes elétricos funcionam normalmente, assim como os instrumentos de painel. O interior está impecável, do painel ao forro do porta-malas.
O Bentley acompanha extensa documentação, acumulada pelo atual proprietário. Esta documentação inclui um histórico fotográfico da restauração, os manuais de oficina em alemão e diversos artigos citando o “Underberg Bentley”. Entre eles, destacam-se um artigo de Marinus Rijkers, a maior autoridade nos modelos Rolls-Royce Silver Shadow e Bentley T, e uma página inteira no renomado livro “Rolls Royce and Bentley Motorcars: From the Dawn of the 20th Century into the New Millennium”. Nosso Bentley é um automóvel único, reconhecido por sua raridade entre os maiores conhecedores e entusiastas da marca no mundo.